Parâmetros Curriculares Nacionais do
ER - PARTE-3
2. CRITÉRIOS PARA ORGANIZAÇÃO E
SELEÇÃO DE CONTEÚDOS E SEUS PRESSUPOSTOS
DIDÁTICOS
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2.1. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO ENSINO
RELIGIOSO
Hoje,
o fenômeno religioso é a busca do Ser frente à ameaça do Não-ser. Basicamente a
humanidade ensaiou quatro respostas possíveis como norteadoras do sentido da
vida além morte:
a Ressurreição
a Reencarnação
o Ancestral
o Nada
Cada
uma dessas respostas organiza-se num sistema de pensamento próprio, obedecendo
a uma estrutura comum. E é dessa estrutura comum que são retirados os critérios
para organização e seleção dos conteúdos e objetivos do Ensino Religioso.
Assim, na pluralidade da Escola brasileira, esses critérios para os blocos de
conteúdos são:
Culturas
e Religiões
Escrituras
Sagradas
Teologias
Ritos
Ethos
2.2. EIXOS ORGANIZADORES DO CONTEÚDO
2.2.1. Culturas e Tradições
Religiosas
É o
estudo do fenômeno religioso à luz da razão humana, analisando questões como:
função e valores da tradição religiosa, relação entre tradição religiosa e
ética, teodicéia, tradição religiosa natural e revelada, existência e destino
do ser humano nas diferentes culturas.
Esse
estudo reúne o conjunto de conhecimentos ligados ao fenômeno religioso, em um
número reduzido de princípios que lhe servem de fundamento e lhe delimitam o
âmbito da compreensão. Assim, não se
separa das ciências que se ocupam com o mesmo objeto como: filosofia da
tradição religiosa, história e tradição religiosa, sociologia e tradição
religiosa, psicologia e tradição religiosa, nem delimita, de maneira absoluta e
definitiva, um critério epistemológico unívoco.
2.2.1.1. Conteúdos
Conteúdos
estabelecidos a partir de:
filosofia
da tradição religiosa: a idéia do Transcendente, na visão tradicional e atual;
história
e tradição religiosa: a evolução da estrutura religiosa nas organizações
humanas no
decorrer
dos tempos;
sociologia
e tradição religiosa: a função política das ideologias religiosas;
psicologia
e tradição religiosa: as determinações da tradição religiosa na construção
mental do
inconsciente
pessoal e coletivo.
2.2.2. Escrituras Sagradas e/ou
Tradições Orais
São
os textos que transmitem, conforme a fé dos seguidores, uma mensagem do transcendente,
onde pela revelação, cada forma de afirmar o Transcendente faz conhecer os
seres humanos seus mistérios e sua vontade, dando origem às tradições. E estão
ligados ao ensino, à pregação, à exortação e aos estudos eruditos.
Contém
a elaboração dos mistérios e da vontade manifesta do transcendente com objetivo
de buscar orientações para a vida concreta neste mundo. Essa elaboração se dá
num processo de tempo-história, num determinado contexto cultural, como fruto
próprio da caminhada religiosa de um povo, observando e respeitando a
experiência religiosa de seus ancestrais, exigindo a posteriori uma
interpretação e uma exegese.
Nas
tradições religiosas que não possuem o texto sagrado escrito, a transmissão é
feita na tradição oral.
2.2.2.1. Conteúdos
Conteúdos
estabelecidos a partir de:
revelação:
a autoridade do discurso religioso fundamentada na experiência mística do
emissor que a transmite como verdade do Transcendente para o povo;
história
das narrativas sagradas: o conhecimento dos acontecimentos religiosos que
originaram os mitos e segredos sagrados
e a formação dos textos;
contexto
cultural: a descrição do contexto socio-político-religioso determinante na
redação final dos textos sagrados;
exegese:
a análise e a hermenêutica atualizadas dos textos sagrados.
2.2.3. Teologias
É o
conjunto de afirmações e de conhecimentos elaborados pela religião e repassados
para os fiéis sobre o Transcendente, de modo organizado ou sistematizado.
Como
Transcendente é a entidade ordenadora e o senhor absoluto de todas as coisas,
expressa-se este estudo nas verdades da fé. E a participação na natureza do
Transcendente é entendida como graça e glorificação, respectivamente no tempo e
na infinidade. Para alcançar essa infinidade o ser humano necessita passar pela
realidade última da existência do ser, interpretada como ressurreição,
reencarnação, ancestralidade, havendo espaço para a negação da vida além da
morte.
2.2.3.1 Conteúdos
Conteúdos estabelecidos a partir de:
divindades:
a descrição das representações do Transcendente nas tradições religiosas;
verdades
de fé: o conjunto de mitos, crenças e doutrinas que orientam a vida do fiel em
cada tradição religiosa;
vida além
da morte: as possíveis respostas norteadoras do sentido da vida: a
ressurreição, a reencarnação, a ancestralidade e o nada.
2.2.4. Ritos
É a
série de práticas celebrativas das tradições religiosas formado um conjunto de:
a)
rituais que podem ser agrupados em três categorias principais:
os
propiciatórios que se constituem principalmente de orações, sacrifícios e
purificações;
os
divinatórios que visam conhecer os desígnios do Transcendente em relação aos
acontecimentos futuros;
os de
mistérios que compreendem as várias cerimônias relacionadas com certezas
práticas limitadas a um número restrito de fiéis, embora também haja uma forma
externa acessível a todo o povo;
b)
símbolos que são sinais indicativos que atingem a fantasia do ser, levando-o à
compreensão de alguma coisa;
c)
espiritualidade que alimentam a vida dos adeptos através de ensinamentos,
técnicas e que permitem ao crente uma relação imediata com o Transcendente.
2.2.4.1. Conteúdos
Conteúdos
estabelecidos a partir de:
rituais:
a descrição de práticas religiosas significantes, elaboradas pelos diferentes
grupos religiosos;
símbolos:
a identificação dos símbolos mais importantes de cada tradição religiosa,
comparando seus(s) significado(s);
espiritualidade:
o estudo dos métodos utilizados pelas diferentes tradições religiosas no
relacionamento com o Transcendente, consigo mesmo, com os outros e o mundo.
2.2.5 Ethos
É a
forma interior da moral humana em que se realiza o próprio sentido do ser. É
formado na percepção interior dos valores, de que nasce o dever como expressão
da consciência e como resposta do próprio “eu’’ pessoal. O valor moral tem
ligação com um processo dinâmico da intimidade do ser humano e, para atingi-lo,
não basta deter-se à superfície das ações humanas.
Essa
moral está iluminada pela ética, cujas funções são muitas, salientando-se
crítica e a utópica. A função crítica, pelo discurso ético, detecta, desmascara
e pondera as realizações inautênticas da realidade humana. A função utópica
projeta e configura o ideal normativo das realizações humanas.
Essa
dupla função concretiza-se na busca de “fins” e de “significados”, na
necessidade de utopias globais e no valor inalienável do ser humano e de todos
os seres, onde ele não é sujeito nem valor fundamental da moral numa
consideração fechada de si mesmo.
2.2.5.1. Conteúdos
Conteúdos
estabelecidos a partir de:
alteridade:
as orientações para o relacionamento com o outro, permeado por valores;
valores:
o conhecimento do conjunto de normas de cada tradição religiosa apresentado
para os fiéis no contexto da respectiva cultura;
limites:
a fundamentação dos limites éticos propostos pelas várias tradições religiosas.
Disponível em <http://www.conerpassofundo.com.br/index.php/parametros-curriculares/51-parametros-curriculares-parte-3.html>. Acesso em: 28 out. 2011.
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